Tenha uma boa "crise"
Albert Einstein disse: “Não pretendemos que as coisas mudem se sempre fazemos
o mesmo”. A ‘crise’ é a melhor benção que pode ocorrer com as pessoas e países,
porque traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como o dia
nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os
descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera a si mesmo
sem ficar superado.
Há algum tempo a palavra “crise”, que ganhou curso na economia a partir do
século XIX, povoa com bastante intensidade os noticiários e, consequentemente, o
pensamento de todos nós. Tal situação é reflexo das dificuldades econômicas
enfrentadas por diversos países, que têm modificado e afetado, de forma
drástica, a vida de milhares de pessoas em todo o mundo.
Para os chineses, crise é definida como “oportunidade ou fim”.
Por mais que existam tantas formas de interpretá-la, concordo com a afirmação
de Einstein: “crise” é a melhor benção que pode ocorrer em nossas vidas,
pois obriga-nos a encontrar a criatividade para superar, vencer e
crescer. As próprias etimologias da palavra nos chamam atenção para a
tomada de decisão diante de mudanças inesperadas, uma prova que nenhuma crise é
necessariamente ruim, pois, superando-as, sairemos mais fortes.
Mesmo quando, em tempos nebulosos, perdemos algo, podemos nos fortalecer.
Nenhuma perda é para sempre; o fim de algumas coisas faz parte da vida e muitas
vezes algo precisa acabar para dar espaço a uma nova mudança. Quando
entendemos o fim como um novo caminho, a vida toma um sentido
promissor.
Podemos, então, efetivamente viver; não somente sobreviver. Geralmente o fim
daquilo a que nos apegamos ou acomodamos nos tira da famosa “zona de conforto” e
provoca, em cada um, questionamentos sobre a vida, sobre aquelas questões que
adiamos a resolução. Lembra-nos que nada é para sempre e dá uma noção real de
que o tempo anda, não pára e não espera. Ensina que tudo vale a pena e que
nenhum sacrifício é em vão.
E por falar em sacrifício… esta é outra palavra injustiçada. Geralmente as
pessoas a associam a algo “ruim”, pelo fato de vivermos numa sociedade que
valoriza o fácil, estimula o comportamento hostil e preguiçoso. Todavia, esta
palavra nasce da união dos termos “sacro” e “ofício”,
ou seja, “trabalho sagrado”.
Pelo simples fato de sermos humanos, existem circunstâncias em que nada ou
quase nada podemos fazer. Porém, independente da escolha que fazemos, a vida
segue e certamente tempos melhores “se abrirão” no futuro, sentindo que nossos
planos fluíram a contento.
Pense de forma sincera: na atual conjuntura social e econômica em que
vivemos, quantas pessoas você conhece são capazes de realizar o
sacrifício de modificar a si mesmas e transformar fracasso em sucesso, angústia
em criatividade? Quem, desse vasto grupo, poderia conjugar os verbos
que derivam da crise, ou seja, “superar” a si mesmo sem ser “superado” por
ela?
Devemos meditar a respeito das coisas que interiormente nos bloqueiam e
reagir, tendo em nós que, apesar de todas as dificuldades oferecidas durante
nossa trajetória, nada poderá impedir nossa vitória: a não ser nós mesmos.
Descobrir a importância dos sacrifícios é vencer. O ideal é passarmos a
respeitar o “tempo certo do nosso interior” e perceber que é preciso
bater mais do que uma vez na mesma porta (aquela que obstrui seus sonhos) até
que ela se abra. Quando ela se abrir, permita-se também descobrir algo
maior. Entenda que aquele sonho pode não ser só seu. Todo sacrifício e superação
empenhados hão de inspirar outras pessoas e muitas outras portas podem ser
abertas e, de maneira consequente, perdas serão superadas e vidas,
transformadas.
Falar sem parar nas crises, dedicando grande parte do nosso precioso tempo a
esse assunto, é promover o conformismo. Em vez de ajudar a propagar tantas
desgraças, podemos agir diferente. Nós temos a capacidade de fazer valer a pena
o sacrifício e insistir na força do nosso trabalho. Lembre-se de que a única
crise verdadeiramente ameaçadora é a tragédia do homem que cruza os braços
conformado e desiste de si mesmo. Todo resto pode ser superado; basta confiar,
pois aquele que acredita em si mesmo é o único capaz de vencer.
Rodrigo Rocha é diretor de marketing da Amil.
Palavras chave: crise, criatividade, inovação, estratégias.
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