Todos concordam que a Educação é o principal caminho para que a sociedade alcance justiça social com dignidade. Por outro lado, também é unânime que a educação brasileira apresenta sérios problemas e não atende adequadamente às necessidades socioculturais dos indivíduos. A começar pelo planejamento curricular desatualizado e pela falta de melhor capacitação dos professores.
O enigma na educação também é facilmente traduzido pela falta de uma política séria sobre o tema, bem como de recursos que acabam minando a criatividade e a motivação de professores e alunos.
A fórmula mágica para mudar a educação pode ser encontrada em artigos, livros, revistas, comentários de especialistas, noticiários, dentre tantas outras mídias. Tudo é apresentado de forma simples e com resultados maravilhosos. Mágica sim, mas não impossível. O grande entrave é colocar em prática essas ideias em busca da tão sonhada transformação da educação. O pontapé inicial dessa grande obra depende, principalmente, da vontade governamental, e ela não sai do papel.
Para que ocorram mudanças faz-se necessário um levantamento real das dificuldades educacionais, projeta-las num planejamento maior que envolva não apenas os tecnocratas da educação, mas, do mesmo modo, a sociedade civil para que se alcance os melhores e mais rápidos resultados. Em resumo, o país necessita urgentemente de um projeto eficiente e eficaz.
Na visão do governo, a mudança na educação está nas mãos do professor, da sua vontade, criatividade e motivação. Fala-se em novas metodologias, em utilizar a inovação tecnológica como aliada do ensino, em dar a cada aluno um tablet. Tudo isso é muito bonito, mas, como obter um resultado coerente se não existe um projeto pedagógico que contemple, com seriedade e melhor aproveitamento, o uso da tecnologia em sala de aula. Como harmonizar essa situação se em muitas escolas do próprio governo é proibido o uso de desktops e celulares com internet pelos alunos. Se, por um lado entende-se ser necessário, por outro, não há consenso.
O atual modelo de ensino-aprendizagem já se consumiu e não atende mais as necessidades das novas gerações que ingressam na educação escolar. Conectadas e plugadas às notícias de todo tipo, com um simples clique no computador ou celular, encontram informações que mesclam de forma criativa imagens e vídeos e facilitam o conhecimento. Neste contexto, segundo Fernando Almeida, diretor da Editora Saraiva, “o professor está deixando de ser o agente central do processo para se tornar um mediador, o facilitador do desenvolvimento das habilidades e competências dos alunos...”.
Ryon Braga, presidente da Hoper Educação, reforça que “a velocidade com que a tecnologia instrumentaliza o saber está sendo muito maior do que a velocidade com que conseguimos adequar nossos modelos, metodologias, didática e modo de operação”.
Vontade não falta aos docentes, de outra forma, com a crescente violência e a falta de segurança nas escolas, teriam desistido. Criatividade? Como exercitá-la sem os recursos básicos necessários e em ambientes inadequados para o aprendizado? Motivação, por mais subjetiva que seja, não resiste por muito tempo sem um mínimo de incentivo e reconhecimento. Portanto, não se concebe aqui uma atuação adequada do poder público federal.
Enquanto o governo “bate o pé”, contrário ao reajuste dos salários dos professores, dados do Tribunal de Contas do Município do Rio de Janeiro apontam que o governo do Estado utilizou verba da Secretaria Municipal de Educação para quitar dívidas de escolas de samba do carnaval carioca. Voltamos à Roma Antiga, à política do pão e circo. E este não é um fato isolado.
O resultado de tudo isso se reflete mais a frente. De acordo com o Indicador de Alfabetismo Funcional - INAF, divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro - IPM e pela ONG Ação Educativa, e publicado no Estadão em 17/7/12, 38% dos estudantes do ensino superior não dominam habilidades básicas de leitura e escrita.
É necessário concordar que a educação vem atravessando algumas melhorias nos últimos anos, entretanto, se comparadas aos valores anunciados pelo governo, são insignificantes perto da valia e atenção que o assunto requer. Os investimentos no setor não garantem o crescimento necessário para que o país se aproxime minimamente do patamar dos países mais desenvolvidos da América Latina, que dirá da Europa ou Estados Unidos.
O Brasil está crescendo, mas, precisa fazer o dever de casa e investir com mais seriedade na educação para reduzir a desigualdade social.
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